quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dia das Crianças: pais gastarão até R$ 50 com o presente

Dinheiro é a forma de pagamento preferida. Roupa foi o item escolhido para presentear. Do blog Falando de Varejo

De acordo com pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) no período de 10 a 23/09 com 430 consumidores, o ticket médio dos presentes para as crianças não deve ultrapassar os R$ 50. Para quase metade dos entrevistados (44,04%), este será o valor gasto na compra. Em seguida estão 35,78% dos consumidores que irão desembolsar entre R$ 51 e R$ 100 com o presente, logo após, 11,01% dos entrevistados que afirmaram gastar de R$ 101 a R$ 250. Na faixa de R$ 251 a R$ 500 estão 5,96% dos entrevistados. E 3,21% dos consumidores afirmaram que o valor médio do presente deve ficar acima de R$ 500. Em 2008, a pesquisa da CDL/BH com consumidores apontou que 64,43% dos entrevistados iriam gastar até R$ 50 com o presente.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008



Djavan retorna à Fortaleza depois de quatro anos, apresentando seu 13º álbum: Matizes.
O show será no siara Hall, dia 30 de agosto. E eu estarei lá.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Olhos de Lua

-
Ele passa mais uma noite pálida.
Ela passa na rua.

O clarão da lua entra pela janela invadindo a sala e o permite ver as estrelas, deitado na rede.
Ela passa na rua.

Ele abraça forte o lençol, como que tentando sufocar ainda mais o coração apertado.
Ela passa na rua.

A saliva seca teima em não descer pelo nó da garganta áspera. Talvez um gole d'água.
Ela pára na rua.

Corre trôpego e ofegante em direção à cozinha.
Não vê os olhos que o fitavam através do luar.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Vermelho e Branco

-
Trancada no quarto.
Mãos trêmulas seguram o telefone.
(Disca, desliga.)
***
Ainda.
Relembra a última noite.
Devora um chocolate. Quase se engasga, como se a ele devorasse.
Cospe.
***
Banheiro.
Olha o espelho e sente pena de si.
Morde os lábios prendendo o choro.
Gotas de vermelho escorrendo pelo branco intocado.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Meio Amargo

-Pra inaugurar o blog, posto aqui meu primeiro conto, lançado na revista semestral Caos Portátil, editada por Pedro Salgueiro e Jorge Pieiro. Meu primeiro filho também saiu no site Letras e Livros: www.letraselivros.com.br

MEIO AMARGO

CHOCOLATE, CHOCOLATE!
CHOCOLATE, CHOCOLATE!
CHOCOLATE, CHOCOLATE!
CHOCOLATE, CHOCOLATE!
CHOCOLATE, CHOCOLATE!
CHOCOLATE, CHOCOLATE!
CHOCOLATE, CHOCOLATE!

Ela ficava assim sempre depois de uma briga: respiração ofegante, mãos trêmulas e geladas, boca seca, rosto pálido, olhos esbutecados. Precisava comer chocolate! Os dedos longos iam até o fundo da gaveta em busca de uma barrinha que fosse, um bombom qualquer perdido por ali: última esperança.
Por que ele tinha que gritar daquele jeito? A voz grave e alterada insistia em permanecer ao pé do ouvido. Ainda sentia o bafejar quente em sua nuca, aquele cheiro insuportável de cachaça. Não precisava gritar tanto! Pra quê tocar nesse assunto outra vez?
Já tinha dito que ele era só um amigo do filho e mais nada! O garoto estava apenas ajudando a procurar um brinco que caíra no chão. Não era nada disso que ele estava pensando, não! Estava escuro e ele ficou confuso, nada mais!
E aonde aquele infeliz se meteu? Droga!!! Tenho certeza que deixei um chocolate por aqui! Procurou ficar calma. Sabia que não tinha culpa. Afinal, não poderia decepcionar o filho em sua festa de 18 anos. Mas quando foi à dispensa buscar o sal para a carne do churrasco, viu-se inexplicavelmente envolvida naqueles braços fortes e bronzeados. E como cheirava, meu Deus! O maldito planejara tudo, me seduziu o safado! E ainda teve o cuidado de fechar a porta, para que ninguém nos visse.
E aconteceu ali mesmo. Os dois sujos de sal. Aquele perfume a enlouquecia. O marido, percebendo a demora da mulher, foi procurá-la e deparou-se com o pior. Por sorte dela, ele não estava bêbado. Apenas puxou-a pelos cabelos e derrubou-a no chão com um tapa no rosto. Calmo e silencioso para que ninguém percebesse sua vergonha.
Logo ele, que nunquinha na vida me botou chifre. E olha que teve várias oportunidades! Era um homem atraente, um coroa bonitão do jeito que as garotinhas gostam. Mas bebia feito um jumento. Não é qualquer uma que agüenta, não! Aquele perfume...ai ai ai! Me deixou enfeitiçada! Bem que ele poderia andar cheiroso igual àquele garoto. Já havíamos conversado sobre o assunto, mas ele insistia em gritar e pedir explicações sempre que bebia. Agora, saiu de casa puto. Mas sei que ele volta.
Procurava na última gaveta do guarda-roupa quando sentiu nas mãos um objeto estranho. Não sabia que aquele crápula guardava uma arma no meio de nossas roupas! No mesmo instante, ouviu passos no corredor. Ele estava voltando. Uma voz estranha dizia-lhe que poderia acabar com aquilo tudo logo de uma vez. Não, não viraria assassina! Claro que não!
Ele entrou no quarto e ficou parado em frente à porta, com uma das mãos nas costas segurando algo. Ao ouvir a porta, virou-se e atirou. Foi tudo muito rápido, cerca de um segundo apenas. Derrubou o homem no chão com um tiro certeiro no peito. Ficou impressionada! Nunca havia atirado em alguém antes, como acertou logo no coração sem ter mirado ou mesmo pensado em atirar? Desesperou-se. Jogou a arma no chão, levou as mãos à cabeça como que querendo arrancar os cabelos. Correu para ver se ele ainda estava vivo, mas estava mortinho da silva, com uma barra de chocolate na mão.
O filho da mãe sabia que eu me acalmo com chocolate! E, com uma expressão estranha estampada no rosto, um riso meio torto e os olhos brilhando, tomou a barra da mão do defunto e comeu desesperadamente. Como quem passa muito tempo embaixo d’água e volto buscando ar incessantemente, numa questão de vida ou morte.
Aquilo lhe dava um prazer incomparável. Era como se ganhasse uma nova vida: a boca enchia de água, o coração acelerava, o rosto ganhava cor. Sentia um arrepio estranho percorrer-lhe o corpo. Não sabia explicar o que acontecia, mas a sensação que o doce causava ao descer pela garganta a agradava bastante. Era como uma droga que a fazia ir do céu ao inferno em cerca de um segundo apenas. Depois de lambusar-se toda de chocolate feito uma criança, ela resolveu tomar banho. Sentiu-se estranhamente sonolenta, os olhos pesados, o corpo mole. Adormeceu ali mesmo na banheira. O doce do chocolate na boca amargurada. Chocolate meio amargo.